Transplante de células-tronco hematopoiéticas pode curar anemia falciforme
– SUS oferece gratuitamente o transplante de células-tronco hematopoiéticas para pacientes com anemia falciforme
– Estudo realizado na Universidade de Illinois mostrou que o transplante é capaz de curar a anemia falciforme em pacientes adultos sem necessidade de quimioterapia
Um estudo publicado em setembro deste ano no periódico Biology of Blood and Marrow Transplantation constatou que pacientes adultos com anemia falciforme podem ser curados com transplante de células-tronco hematopoiéticas provenientes de irmão ou irmã compatível, sem necessidade de quimioterapia prévia.
Altas doses de quimioterapia são indicadas para a eliminação das células da medula óssea do paciente e do seu sistema imunológico, prevenindo a rejeição das células transplantadas. Nesses casos, a quimioterapia possui maior limitação de uso devido aos riscos e efeitos indesejáveis associados, e não é indicada para pacientes adultos, mais enfraquecidos pela doença se comparados às crianças com anemia falciforme. A descoberta do estudo americano permite que o tratamento da doença com células-tronco hematopoiéticas seja acessível também aos pacientes com maiores riscos associados à quimioterapia de altas doses.
Para a realização do estudo, o grupo de médicos e pesquisadores da Universidade de Illinois, liderados pelo Dr. Damiano Rondelli, realizou transplantes em 13 pacientes adultos com anemia falciforme, os quais receberam células-tronco hematopoiéticas de um irmão ou irmã compatível. A nova técnica foi bem sucedida em 92% dos casos. Rondelli relata que o transplante livre de quimioterapia foi capaz de curar os indivíduos adultos com anemia falciforme e de melhorar a qualidade de vida dos mesmos dentro de um mês após o transplante.
Anemia falciforme é predominante em indivíduos afrodescendentes
Predominante em indivíduos afrodescendentes, a anemia falciforme, ou drepanocitose, é uma doença genética que foi descrita pela primeira vez em 1910 pelo médico James Herrick. Essa doença é caracterizada por uma alteração específica nas células vermelhas do sangue (as hemácias), as quais são células arredondadas, com a função principal de transportar oxigênio dos pulmões a todos os tecidos do corpo. A anemia falciforme é causada por uma disfunção específica nas hemácias, que torna essas células “afoiçadas” (com formato de foice ou meia lua) e incapazes de transportar oxigênio aos tecidos de forma satisfatória. As células em formato de foice podem dificultar ou até mesmo bloquear o fluxo sanguíneo, causando sintomas como dores no corpo, fadiga intensa, palidez e feridas nos membros inferiores, bem como diversas disfunções, incluindo problemas neurológicos, cardiovasculares, pulmonares e renais.
Segundo o Ministério da Saúde, a anemia falciforme pode ser detectada no teste do pezinho, realizado logo após o nascimento. Os sintomas da doença costumam aparecer após seis meses de vida, prejudicando a qualidade de vida do portador da doença, o qual necessitará de acompanhamento médico contínuo e medidas de suporte, que incluem medicações e transfusões de sangue. Atualmente, o transplante de células-tronco hematopoiéticas é uma medida terapêutica aprovada, com o objetivo de melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes com anemia falciforme.
SUS oferece transplante gratuito
No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que a anemia falciforme afeta entre 25 a 50 mil pessoas. Desde o início de julho de 2015, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente o transplante de células-tronco hematopoiéticas para o tratamento da anemia falciforme. Para a realização do transplante, são avaliados alguns critérios determinados pelo Ministério da Saúde, bem como a disponibilidade de um doador compatível na família, para a doação das células ao paciente.
O sangue do cordão umbilical é uma fonte rica em células-tronco hematopoiéticas, e pode representar uma importante opção terapêutica em famílias que apresentam casos da doença. O Hemocord oferece os serviços de coleta, processamento e criopreservação das células-tronco do sangue e do tecido do cordão umbilical. O material é mantido em tanques de nitrogênio líquido, em temperaturas extremamente baixas, e pode permanecer armazenado por tempo indeterminado.
FONTES:
Press release dos pesquisadores
Site do Ministério da Saúde
US National Library of Medicine
Medical Daily