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Pesquisadores brasileiros demonstram benefício do transplante de células-tronco hematopoiéticas para pacientes com esclerose sistêmica

A esclerose sistêmica é uma doença auto imune que afeta a pele e os órgãos internos. Ao longo do desenvolvimento da doença, os tecidos que constituem o corpo humano tornam-se fibrosos e endurecidos pelo depósito excessivo de colágeno, comprometendo diversos sistemas do organismo sucessivamente. As mulheres são mais acometidas pela doença, que pode agravar-se a ponto de limitar os movimentos do paciente ou paralisar seus órgãos internos. 30% a 50% dos doentes que desenvolvem essa forma mais grave da patologia vão à óbito em 5 anos, pois não há tratamento totalmente definitivo para a doença.

Estudando a fisiologia da esclerose sistêmica, pesquisadores descobriram que um tipo de célula de defesa, os linfócitos B, têm um papel crucial no desenvolvimento da doença. Há uma desregulação nessas células e elas acabam por “atacar o próprio organismo”, contribuindo para a fibrose dos tecidos.


Sabendo disso, cientistas do Centro de Terapia Celular da Universidade de São Paulo, estudaram a fundo o comportamento dos linfócitos B nos transplantes de células-tronco hematopoiéticas para tratamento da esclerose sistêmica. Analisaram as características e quantidades de linfócitos B em 22 pacientes, antes e depois da terapia celular. O fundamento lógico do transplante autólogo (com medula óssea do próprio paciente) de células-tronco hematopoéticas para doenças autoimunes é primeiramente realizar uma alta imunossupressão para excluir os linfócitos alterados circulantes no corpo do indivíduo. Após, infundem-se as células-tronco hematopoéticas, que promovem a reconstituição de um novo sistema imunológico, sem alterações nos linfócitos B.

Os resultados da pesquisa conduzida pelos brasileiros foram publicados na revista internacional Reumathology. Primordialmente os pesquisadores afirmaram que a população destas células foi totalmente reconstituída em questão de um ou dois meses após o tratamento. Também puderam demonstrar que existem três subtipos de linfócitos B envolvidos no processo da esclerose sistêmica.

Antes do transplante havia mais células B que produziam os anticorpos (que atacam os tecidos do paciente e favorecem a fibrose); e menos população de células B jovens que ainda não secretavam anticorpos. Também há um outro subtipo, de células B reguladoras, capazes de “discernir” os antígenos entre causadores de doenças ou não – cujo número também estava reduzido nos doentes. Depois do tratamento, houve aumento no número de linfócitos B e maior frequência de linfócitos B jovens. O número de linfócitos B que secretam anticorpos (que podem avançar o quadro da esclerose sistêmica) diminuiram.

Por fim, os pesquisadores demonstraram que a remissão clínica dos pacientes com esclerose sistêmica submetidos ao transplante de células-tronco hematopoiéticas está associada à reconstituição da população de linfócitos B. Essas células melhoraram os mecanismos reguladores do sistema imune e promoveram ação antifibrótica nos pacientes com a doença. A ideia é que, conhecendo o mecanismo de ação de cada célula envolvida, talvez seja possível desenvolver terapias mais específicas.

Detalhes da pesquisa

 As células B foram avaliadas antes do transplante e depois de 1, 2, 3, 6 e 12 meses da realização do procedimento.
 As células foram analisadas por citometria de fluxo. Foram analisadas as características biológicas das células B, como a produção de citocinas, as vias de sinalização e a capacidade supressora das células B reguladoras.
 As frequências de células B jovens aumentaram de 60 a 360 dias pós transplante em comparação com o pré-transplante. A frequência de células B de memória diminuíram durante o mesmo período.
 As células B produtoras de IL-6 e TGF-β1 diminuíram após o transplante.

Bibliografia consultada:
 Agência FAPESP. Estudo detalha benefícios do transplante de células-tronco no tratamento da esclerose sistêmica.
Disponível em: > https://agencia.fapesp.br/estudo-detalha-beneficios-do-transplante-de-celulas-tronco-no-tratamento-da-esclerose-sistemica/36508/?fbclid=IwAR1AqnGqF57U5Gt0Cqdo457dPzNGB5YDGkKP4HeatFL352egzDmOMVNGr2c#.YR1iEjkkCvS.whatsapp <
 Lima-Júnior, JR et al. Autologous hematopoietic stem cell transplantation restores the suppressive capacity of regulatory B cells in systemic sclerosis patients Rheumatology, keab257. Disponível em: > https://academic.oup.com/rheumatology/advance-article-abstract/doi/10.1093/rheumatology/keab257/6174004?redirectedFrom=fulltext <

 Sociedade Brasileira de Reumatologia. Esclerodermia. Disponível em: > https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/esclerodermia/<

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