Saúde bucal das crianças: Como cuidar da higiene antes e depois dos dentes de leite

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Engana-se quem pensa que os cuidados com a saúde bucal das crianças pequenas começam somente a partir do nascimento dos primeiros dentinhos de leite. Na fase pré-eruptiva (antes do nascimento dos primeiros dentes), o próprio leite materno e a saliva do bebê já protegem, limpam e lubrificam a cavidade oral dos bebês. Veja algumas dicas no texto a seguir.

Antes do nascimento dos primeiros dentes de leite

A cirurgiã-dentista Júlia Toniolo, mestranda em odontopediatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que, nesta fase, é necessário observar as funções do sistema estomatognático (lábios, boca, bochechas, articulações temporomandibulares, ossos e músculos da face).
Os primeiros dentes começam a surgir por volta dos seis meses de idade. No entanto, os cuidados com a saúde bucal devem começar bem antes, ainda durante a gestação.  “Em função das modificações hormonais no corpo, a mãe fica mais suscetível a doenças bucais. No pré-natal odontológico, o odontopediatra também orienta a respeito dos primeiros cuidados com a saúde bucal do bebê”, explica Júlia.
A Associação Brasileira de Odontopediatria (ABOPED), inclusive, recomenda que, ainda na maternidade, a criança seja submetida ao exame da boquinha pela equipe hospitalar. Assim que possível, deve ser agendada uma consulta com o odontopediatra.

Saúde bucal depois dos primeiros dentinhos

Os pais devem fazer a higiene oral com uma escova pequena, de cerdas macias, adequada à idade da criança. O ideal é que a higiene seja feita duas vezes ao dia – ao acordar e antes de dormir. Além disso, recomenda-se o uso de pasta dental fluoretada com no mínimo 1000ppmF para prevenção contra cáries. “Para bebês, a quantidade de pasta na escova deve ser equivalente a um grão cru de arroz”, detalha a especialista. Conforme a criança cresce, as orientações de escovação mudam, por isso, é importante frequentar o consultório do odontopediatra periodicamente.
Quando os primeiros dentinhos de leite começam a aparecer, as crianças podem sentir algumas dores. É comum que inflamações gengivais, rubor das bochechas, aumento da salivação e até o aparecimento de úlceras causem irritabilidade. Felizmente, garante Júlia, esses incômodos podem ser administrados. “Na mesma fase, as crianças estão passando por diversas alterações fisiológicas. Por isso, é difícil estabelecer quais sintomas, como distúrbios do sono, redução do apetite, febre e vômitos, por exemplo, são fruto da erupção dentária”, relata a especialista.

Hábitos infantis e problemas bucais

A cárie, a gengivite (inflamação da gengiva causada pelo acúmulo de placa bacteriana) e as maloclusões são os problemas bucais mais recorrentes na infância. Boa parte das doenças podem ser facilmente prevenidas. É por isso que as consultas periódicas a um odontopediatra são tão importantes.
Também é normal que as crianças adquiram hábitos que causam dúvidas aos pais. Chupar o dedo ou uma chupeta/bico é um hábito aceitável em bebês e em crianças até três anos. Conforme a ABOPED, nos primeiros anos de vida, esses hábitos estão associados à necessidade de satisfação afetiva e de segurança, que pode ser suprida com o aleitamento materno. “Recomenda-se que os hábitos sejam limitados a momentos de maior tensão emocional ou sono, devendo ser retirado assim que a criança se acalme”, lembra Júlia.
Já o uso de mamadeiras é desaconselhado depois dos seis meses. A prática desestimula a criança a mamar no peito da mãe, promove movimentos anormais do sistema estomatognático durante a sucção e predispõe o aparecimento de cáries. O ideal é que as crianças usem copos de transição (com biqueira) e, depois, copos normais.
Tanto a ABOPED como o Ministério da Saúde recomendam que os hábitos deletérios sejam interrompidos até a criança ter, no máximo, três anos de idade. Se os hábitos forem mantidos por mais tempo, a criança pode desenvolver alterações nos ossos e nos músculos da face, anomalias na posição dos dentes e problemas respiratórios. O aleitamento materno exclusivo é incentivado até os seis meses, e o não exclusivo é recomendado até os dois anos de idade.

Saiba mais sobre os problemas bucais na infância:

  • Cárie é a corrosão da estrutura dental causada por ácidos derivados da metabolização de açúcares ingeridos por meio da dieta pelas bactérias presentes na placa;
  • Gengivite é a inflamação da gengiva causada pelo acúmulo de placa bacteriana;
  • Maloclusões são problemas de arcada dentária e/ou formação e relação dos ossos da face.