Sangue de Cordão Umbilical mostra vantagens no tratamento de câncer hematológico

A Lancet Haematology, uma importante revista científica internacional, publicou em março de 2025 um grande estudo que pode influenciar as estratégias de cuidado de doenças graves do sangue, como leucemias. Os pesquisadores avaliaram o que acontece quando o transplante usa não só as células de um parente “meio compatível” (haploidêntico) retiradas do sangue, mas também o sangue de cordão umbilical em conjunto. Eles compararam essa combinação com o método tradicional, que usa células do mesmo parente mais uma porção de medula óssea dele.
O trabalho foi realizado em cinco hospitais na China e incluiu 268 adultos entre 18 e 65 anos em pesquisa clínica para o tratamento de leucemia mieloide aguda. Metade dos participantes receberam o enxerto “sangue periférico + sangue de cordão” e a outra metade recebeu “sangue periférico + medula óssea”.
O objetivo principal do estudo era verificar a sobrevida global (OS) em três anos. O grupo “sangue periférico + sangue de cordão” alcançou 80,5 % de sobrevida, contra 67,8 % no grupo convencional tradado com medula óssea. Esse benefício se repetiu em outros desfechos clínicos: a sobrevida livre de progressão da doença chegou a 70,3% com uso do sangue de cordão versus 57,6% com uso da medula óssea, e a taxa de recaída caiu para 12,1% (sangue cordão) versus 30,3% (medula óssea). A mortalidade não ligada à doença permaneceu semelhante entre os grupos (14,0 % vs 17,3 %).
O sangue de cordão também acelerou a recuperação dos glóbulos brancos (pega dos neutrófilos): em média 11 dias, ante 12 dias no protocolo padrão (medula óssea), e favoreceu a recuperação precoce das células T . Em termos de segurança, as taxas de eventos graves (grau 3-4) foram parecidas entre os grupos.
Os autores concluíram que a coinfusão do sangue periférico com sangue de cordão “melhorou a sobrevida sem aumentar complicações graves” no contexto deste ensaio clínico, atribuindo o ganho principalmente à menor recaída, e que esta alternativa terapêutica pode representar uma opção segura e mais eficaz para o tratamento de pacientes com cânceres hematológicos.
Fonte: Yu S, Huang F, Xu N, et al. Haploidentical peripheral blood stem cells combined with bone marrow or unrelated cord blood as grafts for haematological malignancies: an open-label, multicentre, randomised, phase 3 trial. Lancet Haematol. 2025 Mar;12(3):e190-e200.