O protagonismo do enfermeiro no direito de escolha ao tipo de parto

Na 75ª semana da enfermagem, evento ocorrido em maio, deparamo-nos com um tema muito ousado: “O protagonismo do enfermeiro no processo de cuidar e sua inserção política”. Voltando esse tema à área obstétrica, como nós enfermeiros – nesse processo de ser o ator principal do cuidado – podemos fazer nossa parte e garantir o direito de escolha?

Nós enfermeiros, tanto da rede privada quanto da rede pública, temos o direito de respeitar o desejo materno no que se refere à via de parto. Nosso papel fundamental é colocar os benefícios, quanto às vias naturais ou cirúrgicas do parto, transmitindo cada vez mais informações às mãe durante as inúmeras visitas a nossa instituição, seja realizando um simples exame, seja ficando sob nossa observação.

O protagonismo do enfermeiro, isto é, seu papel principal nessa situação, diz respeito a deixar a parturiente ser a protagonista de seu próprio parto, garantindo-lhe o direito de escolha, sem reprimir, estando atento a qualquer tipo de distocia de parto, e trabalhando em conjunto e confiança com a equipe médica de obstetras. Contudo, é importante salientar que, quando tudo transcorre bem, o parto normal é, sem dúvida, a melhor opção para a mãe, devido à recuperação ser mais rápida.

A ilusão de que a cesariana é a forma mais segura, por usar tecnologia disponível, ajuda o Brasil a ter o mais alto índice desse tipo de parto, no mundo, com 52%. Na rede particular, são 48%, segundo o ministério da saúde, e quase 90% na rede privada. Nos Estados Unidos, o índice é de 30% e na Holanda apenas 12%. Para a Organização Mundial de Saúde, esse número deveria ficar entre 10% e 15%.

Medidas alternativas, entretanto, podem deixar a experiência do parto normal mais agradável, como captando a mãe em sua fase ativa do parto, usufruindo de medidas aliviadoras da dor, como banho, massagem, clampeamento tardio, acompanhante, contato pele a pele.

Por outro lado, por que não humanizar a cesariana, se esse for o desejo materno e se houver distocias que levem a paciente a essa via de parto? Cabe a nós, equipe médica-hospitalar, um olhar atento, carinhoso, sem repressão, tornando esse momento único nas melhores lembranças . Isso, também, é humanizar.

Enfermeira Obstétrica Patricia Dias Gualtieri da Silva 145406