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Mãe engravidou novamente para salvar a vida da primeira filha

Há um ano atrás, Maria Vitória foi curada de Talassemia. A criança foi submetida a um transplante de medula óssea e de sangue de cordão umbilical, doados pela sua irmã, Maria Clara, que nasceu após haver sido geneticamente selecionada, por não ter o gene da Talassemia e por ser 100% compatível com a irmã mais velha. Procedimento inédito no Brasil. Para entender melhor, assista o vídeo clicando aqui.
Maria Vitória sofria de Talassemia Major, uma doença crônica e grave provocada pelo déficit de produção de glóbulos vermelhos na medula óssea, não conseguindo, por esse motivo, fabricar sangue na frequência necessária. Como consequência disso, Maria Vitória necessitava receber transfusões de sangue a cada três semanas, além de tomar remédios diariamente para controlar a quantidade de ferro no corpo.
Depois de passar por mais de 30 médicos, em busca de uma solução para a doença da filha, os pais de Maria Vitória – Jênyce Reginato da Cunha e Eduardo da Cunha – decidiram passar pela fertilização in vitro, a fim de selecionar um embrião que pudesse ajudar na cura da filha.
Na prática, funcionou assim: A fertilização resultou em dez embriões cujas células foram analisadas. Destes, dois eram saudáveis e totalmente compatíveis com a menina. Eles foram implantados no útero de Jênyce, contudo, apenas um sobreviveu: Maria Clara.
No parto, os médicos colheram as células do cordão umbilical de Maria Clara. Como a quantidade não era suficiente para o transplante, foi necessário esperar que o bebê completasse 1 ano para coletar um número maior de células da medula óssea.
Maria Vitória foi internada no Hospital Sírio-Libanês, para dar início ao condicionamento, recebendo altas doses de quimioterapia, com a finalidade de destruir as células da sua medula óssea e, então, deixar o sistema imunológico zerado. Chegado o momento, Maria Clara foi submetida à coleta das células de sua medula óssea. Em seguida, essas células foram infundidas em Maria Vitória: primeiro as do sangue do cordão umbilical de sua irmã e, depois, as da medula óssea.
Segundo o hematologista Vanderson Rocha, responsável pelo transplante, durante os 15 primeiros dias, a medula de Maria Vitória continuava zerada. Essa foi a fase mais crítica, pois o corpo não produzia nenhuma defesa, e a menina ainda precisava receber transfusões.
Depois desse período, a medula óssea da criança voltou a fabricar as células que necessitava. A partir de então, não precisou mais receber transfusões de sangue. “Ela voltou a produzir células como uma pessoa normal. Ela tem uma medula nova. O resultado é muito bom, e podemos considerar que a Maria Vitória está curada”, considerou o hematologista. Segundo ele, os riscos de complicações pós-transplante existem, mas são muito baixos. “Acontece em menos de 5% dos casos. Ainda assim, o transplante é a melhor opção. A Maria Vitória estava começando a ter problemas no fígado por conta do ferro”, afirmou, acrescentando que há cerca de cem casos de transplantes registrados na Europa relacionados à Talassemia, todos com sucesso.
Cláudia Veloso, vice-presidente da Associação Brasileira de Talassemia (Abrasta), comentou que o resultado desse transplante é uma esperança para a cura e deve encorajar outros pais a procurarem o procedimento. “Existe uma ansiedade dos pais, porque, para muitos, até então, a cura era impossível”. Estima-se que existam pelo menos 500 pessoas com o problema no Brasil.

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