28 de Maio – Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher. Dia Nacional pela Redução da Mortalidade Materna
Estamos sempre tão preocupados com mamães e futuras mamães, que viemos aqui contar um pouco sobre a origem do “Dia nacional pela redução da mortalidade materna”.
Em 1984, o dia 28 de maio foi instituído como Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher, no IV Encontro Internacional Mulher e Saúde, na Holanda. Em 28 de maio de 1988, foi iniciada a Campanha de Prevenção da Mortalidade Materna, coordenada pela Rede Mundial de Mulheres pelos Direitos Reprodutivos e pela Rede de Saúde das Mulheres Latino-Americanas e Caribenhas, com expressivo envolvimento da Rede Feminista de Saúde do Brasil. Desde 1948 o governo brasileiro vem assumindo, por meio de convenções, pactos ou planos de ação, compromissos para garantir os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres e homens.
Morte materna, uma tragédia que pode e deve ser evitada
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), “morte materna” é todo falecimento causado por problemas relacionados à gravidez ou ao parto ou ocorrido até 42 dias depois. A OMS considera aceitável o índice de 20 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos; entre 20 e 49 mortes, o índice é considerado médio; entre 50 e 149 mortes é alto e, acima de 150, muito alto. No Brasil, a taxa oficial de mortalidade materna é de 75 mortes de mulheres para cada 100 mil nascidos vivos. Mas, sabe-se que esse número não reflete a realidade, pois nem todas as mortes são registradas como tendo causas relacionadas à gravidez ou ao parto. A cada óbito notificado há pelo menos um que ninguém fica sabendo. Segundo o critério usado pelo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o número real de mortes no Brasil é o triplo do oficialmente registrado.
A morte materna no mundo
Mais de meio milhão de mulheres morrem a cada ano no mundo por causas relacionadas à gravidez ou ao parto, em sua maioria, por falta de atendimento médico nos países pobres, segundo o Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP). Estima-se que 40% das mulheres, que vivem nos países em desenvolvimento, dão à luz sem ajuda médica. Calcula-se que, aproximadamente, 18 milhões de mulheres ficam inválidas ou com doenças crônicas devido a problemas durante a gravidez. Por falta de acesso a informações e contraceptivos e pela realização de abortos inseguros, o risco é mais alto para as jovens entre 15 e 19 anos. A taxa de mortalidade materna nessa faixa etária é duas vezes maior que a das mulheres entre 20 e 24 anos. Em outras palavras, para muitas meninas, a gravidez é quase uma sentença de morte. Documento do FNUAP aponta que cerca de 13% das mortes maternas são causadas por abortos realizados em más condições. Dos 46 milhões de abortos praticados anualmente no mundo, cerca de 20 milhões ocorrem em condições inseguras. Em 2000, 123 milhões de mulheres continuavam sem acesso a métodos anticoncepcionais eficazes.
Alguns números preocupantes
A cada minuto, uma mulher morre no mundo por complicações relacionadas à gravidez ou ao parto; são 1.600 mulheres por dia, quase 600 mil por ano, sendo que 99% dessas mortes acontecem nos países em desenvolvimento. Apenas na região da América Latina e Caribe morrem, anualmente, mais de 22 mil mulheres por causas maternas. Cerca de um milhão de crianças ficam órfãs a cada ano em razão de morte materna. Essas crianças têm risco (3 a 10 vezes) maior de morrerem antes de completarem dois anos do que aquelas que vivem com a mãe e o pai. A cada minuto, 380 mulheres ficam grávidas, sendo que 190 dessas gestações são indesejadas e/ou não planejadas.
Principais causas
As principais causas da mortalidade materna são: hipertensão arterial, hemorragia, complicações decorrentes do aborto realizado em condições inseguras, infecção pós-parto e as doenças do aparelho respiratório. Muitas vezes, a realização de exames simples pode prevenir complicações para a grávida e para o bebê. Por vezes, as mulheres correm riscos porque não se sabe que elas têm pressão alta ou diabetes. Além disso, o risco de morte materna está diretamente relacionado ao nível socioeconômico das mulheres.
As mortes maternas, geralmente, estão relacionadas à falta de acesso a serviços de saúde de qualidade, principalmente, nas áreas rurais. Além do despreparo dos profissionais de saúde, da falta de humanização do atendimento e de serviços funcionando em condições precárias, também contribuem para esse grave problema as condições sociais e econômicas desfavoráveis das mulheres, que incluem pouca escolaridade, baixa renda e desemprego. A falta de acesso e o uso inadequado de métodos anticoncepcionais, além do número insuficiente de serviços para o atendimento da mulher vítima de violência sexual, também resultam em um grande número de gestações indesejadas e, consequentemente, na realização de abortos clandestinos, feitos sem condições de segurança, que aumentam os riscos de morte materna.
O que fazer?
Embora, no Brasil, grande parte das gestantes faça o pré-natal, ainda falta qualidade na assistência. É preciso, também, que haja maior organização das maternidades para que a gestante saiba, ainda durante o pré-natal, em qual hospital irá dar à luz. Se as mortes maternas estão diretamente relacionadas à deficiência da qualidade dos serviços de saúde oferecidos às mulheres, reduzir a mortalidade materna é um desafio que deve envolver governos, serviços e profissionais de saúde e toda a sociedade.