Ingestão de iodo na gestação melhora o QI dos filhos

Ingestão de iodo na gestação

– Pesquisadores ingleses observaram melhorias em testes de QI e de leitura em filhos de mulheres que consumiram índices adequados de iodo na gravidez

– Saiba quais alimentos são ricos em iodo

Todo mundo sabe que, durante o período da gestação, as mães necessitam de diversos nutrientes, como lipídios, proteínas e carboidratos, mas talvez não deem a devida atenção à quantidade de iodo ingerida diariamente. A ingestão adequada de iodo na gestação é importante devido à maior necessidade de produção dos hormônios da tireóide, a fim de suprir as necessidades da gestante e do bebê em desenvolvimento. Além disso, a ingestão de iodo na gestação pode contribuir para o aumento do quociente de inteligência (QI), segundo um estudo publicado no periódico britânico The Lancet.

O estudo realizado por pesquisadores ingleses avaliou a concentração de iodo em 1.040 amostras de urina de gestantes com, no máximo, 13 semanas de gestação, e levou em consideração os critérios de deficiência ou suficiência de iodo na gestação recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Após alguns anos, os filhos dessas gestantes foram submetidos a testes de QI aos 8 anos, e a avaliações de habilidades de leitura aos 9 anos. Os resultados revelaram que as crianças cujas mães apresentaram concentração adequada de iodo na urina apresentaram melhores resultados em ambos os testes. Por outro lado, os filhos de mães que apresentaram baixa concentração de iodo na urina apresentaram resultados inferiores. Para a composição dos resultados, os pesquisadores levaram em consideração outros fatores, como o comportamento de cada mãe antes, durante e depois da gestação, aspectos socioeconômicos, além da educação disponível para o filho e para os pais de cada criança.

O estudo recomenda a observação da deficiência de iodo entre as gestantes, e inclusive a possibilidade de suplementar esse mineral durante a gravidez. A preocupação dos pesquisadores é compartilhada pela pesquisadora britânica Dra. Kristien Boelaert, professora de endocrinologia da Universidade de Birmingham, que sugere a distribuição gratuita de suplementos de iodo pelo sistema de saúde do Reino Unido.

Na Europa, dois terços das gestantes apresentaram deficiência de iodo durante a gravidez. A ingestão recomendada pela OMS para gestantes é de 250 microgramas (µg) de iodo diariamente. Segundo o Ministério da Saúde, a iodação do sal destinado a consumo humano é obrigatória no Brasil desde a década de 1950. Essa intervenção resultou em uma redução da população com distúrbios por deficiência de iodo ao longo dos anos.

Em quais alimentos a gestante pode encontrar iodo?

Além do sal (que apresenta elevada concentração de sódio e deve ser consumido moderadamente), existem fontes naturais de iodo: frutos do mar e peixes, como bacalhau, cavala (também conhecido como guarapicu e cavala-aipim), salmão, pescada, atum, linguado e outros, além do leite e derivados, ovos, bacon e cevada.
A OMS alerta que a quantidade de iodo por porção presente nesses alimentos pode variar conforme a região geográfica e, por isso, é importante que a gestante consulte seu médico para avaliar a necessidade de suplementação de iodo. Durante a amamentação, recomenda-se a ingestão diária de 290 microgramas de iodo, o que exige a continuidade da suplementação mesmo após o parto.

Tabela de ingestão diária de iodo nas diferentes fases da vida (valores em microgramas – µg – Anvisa)

Idade Recomendação Limite
0 a 6 meses 110
Até 1 ano 130
1 a 3 anos 90 200
4 a 8 anos 90 300
9 a 13 anos 120 600
14 a 18 anos 150 900
Acima de 18 anos 150 1100
Gestação
18 anos ou menos 220 900
Acima de 18 anos 220 1100
Amamentação
18 anos ou menos 290 900
Acima de 18 anos 290 1100