Dia Mundial do Sangue de Cordão Umbilical: é necessário expandir a conscientização a nível global

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Dia 15 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Sangue de Cordão. Essa data foi criada a partir da necessidade de ampliação da informação sobre o sangue de cordão umbilical, e de conscientização de sua importância em todo o mundo.
Isso porque grande parte da população mundial não sabe que o sangue de cordão é uma fonte potente e não controversa de células tronco hematopoiéticas (sanguíneas), capazes de formar todas as células que compõem o sangue e o sistema imunológico de um indivíduo, seja criança ou adulto.
Quando coletado no momento do nascimento e armazenado em um banco de sangue de cordão, é considerado um recurso médico importante, que pode salvar vidas.
Mas isso só foi possível porque, em 1988, ocorreu um fato que mudou para sempre a forma de enxergarmos esse material no momento do nascimento.
Na França, a equipe coordenada pela Dra. Eliane Gluckman realizou o primeiro transplante de sangue de cordão da história. O paciente Matthew Farrow, na época com 5 anos de idade, foi diagnosticado com anemia de Fanconi e insuficiência da medula óssea, e recebeu o sangue de cordão que foi coletado no nascimento da sua irmã caçula. Matthew foi efetivamente curado, e atualmente leva uma vida normal e saudável.
Muita coisa evoluiu de 30 anos para cá. Atualmente o sangue de cordão tem aprovação para ser utilizado como parte do tratamento de mais de 80 doenças, e está se mostrando promissor em novas áreas da medicina regenerativa.

Sobre o sangue de cordão

Desde o primeiro transplante em 1988, o sangue de cordão tornou-se uma fonte segura e confiável de células tronco sanguíneas, capazes de reconstituir a função da medula óssea e o sistema imunológico de forma permanente. Atualmente, mais de 40.000 pacientes com disfunções e doenças graves se beneficiaram de tratamentos com sangue de cordão.
O sangue de cordão tem aprovação da Anvisa (no Brasil) e de agências reguladoras internacionais (incluindo a FDA nos Estados Unidos) para ser utilizado em transplantes de medula óssea, como parte do tratamento de doenças graves do sangue – incluindo leucemias, linfomas e anemia falciforme – e de outros grupos de doenças, como imunodeficiências, doenças metabólicas, tumores sólidos e insuficiência da medula óssea.
Em comparação às outras duas fontes de células tronco sanguíneas – medula óssea e sangue periférico – o sangue de cordão possui vantagens, entre elas:

  • Está associado a melhores resultados a longo prazo para o paciente, incluindo menores taxas de recaída da doença de base e índices superiores de sobrevida livre de doença;
  • Pronta disponibilidade para uso, o que pode ser decisivo para pacientes que têm uma doença genética com grande risco de morte, que precisam de transplante de medula óssea rapidamente, ou que têm tipagem HLA (avaliada no teste de compatibilidade) incomum devido à herança étnica ou racial;
  • Possui células do sistema imunológico mais imaturas e tolerantes, por isso o sangue de cordão não exige 100% de compatibilidade para ser utilizado em um transplante alogênico (quando o paciente recebe células de outra pessoa);
  • Está associado a menores índices de desenvolvimento da Doença do Enxerto Contra Hospedeiro (DECH), uma complicação potencialmente fatal que pode ocorrer após o transplante alogênico;
  • Baixo risco de exposição a vírus, toxinas e poluição ambiental, os quais são fatores que podem alterar a função das células.

O menor número de células tronco sanguíneas é considerada a principal desvantagem do sangue de cordão em relação às outras fontes. Além da utilização de duas unidades de sangue de cordão para superar essa limitação, foram criadas tecnologias de expansão (multiplicação) celular, que se encontram em fase de pesquisa clínica (em humanos). Em um futuro próximo, essas novas tecnologias poderão ser estratégias seguras e eficazes para aumentar o número de células em unidades de sangue de cordão, possibilitando o uso de amostras previamente desqualificadas para transplantes em razão do baixo número de células.
Devido à imaturidade e às características especiais de suas células, novas aplicações terapêuticas com o sangue de cordão estão sendo pesquisadas em doenças não relacionadas ao sangue / medula óssea, como uma forma de terapia celular regenerativa ou de controle do sistema imunológico.
As pesquisas estão comprovando a segurança e os benefícios do sangue de cordão no tratamento de condições médicas comuns na população, como paralisia cerebral, autismo, diabetes tipo 1, acidente vascular cerebral (AVC) e doenças cardíacas. A terapia com sangue de cordão para essas doenças não são práticas médicas aprovadas, mas atualmente estão sendo avaliadas em estudos clínicos (em humanos) e poderão ser úteis no futuro.

Coleta do sangue de cordão: ato simples que pode salvar vidas

Diferente da medula óssea e do sangue periférico, a coleta do sangue de cordão é considerada a única forma de se obter células-tronco sanguíneas de forma simples, rápida e sem riscos associados.
O procedimento acontece depois do nascimento do bebê, somente depois que o cordão umbilical é clampeado e cortado. Dura poucos minutos, não interfere no parto, e pode ser feito independente do tipo de parto, seja normal ou cesariana.
A coleta é totalmente indolor e sem riscos para a mãe e para o recém-nascido, até porque ela só ocorre após o corte do cordão umbilical. Ou seja, ela é realizada diretamente no material que seria descartado após o parto.
Mesmo sendo um procedimento simples e sem riscos, o sangue de cordão permanece sendo desperdiçado e descartado como lixo hospitalar na grande maioria dos nascimentos, em todo o mundo – em alguns países, chega a 98% dos casos.
Ao invés de descartar o sangue de cordão, as famílias sempre terão outras opções: a doação da amostra para o banco público de sangue de cordão – onde fica disponível para uso por qualquer pessoa – ou o armazenamento da amostra em um banco privado/familiar – onde fica disponível para uso somente pelos membros da família.
E por que esse material ainda é desperdiçado? A resposta para muitos casos é simples: falta de conhecimento sobre o tema. Conscientizar as famílias e a comunidade médica é o principal desafio, e a educação sobre o sangue de cordão é fundamental nesse processo.

Da França para o mundo: três décadas depois, ainda há muito a ser feito

Com o objetivo principal de atualizar a comunidade que trabalha com sangue de cordão por meio de dados científicos e workshops educacionais, existem congressos como o Cord Blood Connect. A Diretora Geral do Hemocord, Dra Karolyn Sassi Ogliari, e o Gerente Geral do Hemocord, Andrew James Sassi, participaram da edição de 2018, realizada em Miami nos EUA. No evento, foi celebrado os 30 anos de uso do sangue de cordão:
 

Foto à esquerda: Dra Karolyn Ogliari (à esquerda) e Dra Eliane Gluckman (à direita), hematologista francesa responsável pelo primeiro transplante de sangue de cordão. Foto à direita: Dra Karolyn Ogliari e Matthew Farrow, paciente que recebeu o primeiro transplante de sangue de cordão.


 

Equipe do primeiro transplante de sangue de cordão, realizado em 1988.


“No congresso, foi possível perceber a necessidade de maior educação e atualização de médicos generalistas, pois diante do desconhecimento do assunto, desaconselham a coleta e preservação do sangue de cordão”, afirmou a Dra Karolyn.
“Afinal, trata-se de um material muito importante, de grande potencial para ser desperdiçado. É necessário sistematizar a doação pública ou a preservação familiar”, completou.
Segundo a Dra Karolyn, a qualificação de centros de transplante é outra necessidade latente para que o uso do sangue de cordão ocorra de forma mais assertiva e frequente.
“Notou-se a necessidade de workshops de treinamento para centros de transplante para uso do sangue de cordão em crianças e adultos, diante dos bons resultados a longo prazo para os pacientes com doenças malignas, que têm maiores taxas de sobrevida e menores índices de recaída da doença de base, apesar de ser um transplante tecnicamente mais difícil”, comentou.
No entanto, o futuro reserva ainda mais progressos na área científica.
“Há uma perspectiva de utilização futura deste material para doenças neurológicas em crianças e adultos, como paralisia cerebral, autismo e AVC”, afirmou.

Hemocord: referência na coleta e armazenamento do sangue de cordão

O Hemocord é um banco privado/familiar fundado em 2004, com sede localizada no estado do Rio Grande do Sul, que oferece às famílias de todo o Brasil serviços especializados na coleta, criopreservação e armazenamento do sangue e do tecido do cordão umbilical.
Entre os fundadores do Hemocord está a Dra Karolyn Sassi Ogliari, médica e CEO do Hemocord, que possui anos de experiência em obstetrícia e em fertilização. A Dra Karolyn possui doutorado em Patologia pela Universidade de São Paulo, realizou pós-doutorado em Neurociências no Instituto de Células-Tronco em Harvard, e é professora do curso de Medicina da Unisinos.
O Diretor Médico do Hemocord, Dr Gustavo Brandão Fischer, é Hematologista e Hemoterapeuta com especialização em transplante de sangue de cordão realizado no Hospital Saint Louis na França, onde foi feito o primeiro transplante de sangue de cordão do mundo, com a Dra Eliane Gluckman.
A mudança da sede para o Parque Tecnológico de São Leopoldo – Tecnosinos, que fica dentro da Unisinos, se destaca como uma nova e importante fase para a instituição, devido à ampliação e modernização da estrutura, e agregação de dois novos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento.
Para saber mais informações sobre os serviços e a certificação de qualidade do Hemocord, consulte o site e entre em contato clicando aqui.