Famílias que usaram células-tronco hematopoiéticas no tratamento do autismo

Tratamento de autismo com células-tronco

A terapia celular (uso de células com objetivos terapêuticos) vem sendo muito pesquisada no Brasil e no mundo para fazer parte do tratamento de inúmeras doenças que, por muitos anos, permanecem com alternativas terapêuticas limitadas e pouco efetivas. É o caso do autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Autismo é o nome dado a um grupo de disfunções complexas que ocorrem durante o  desenvolvimento neurológico. Pessoas autistas se caracterizam pela dificuldade de comunicação social e comportamentos repetitivos. Ele pode apresentar níveis diferentes de intensidade e se tornar mais evidente ao longo dos anos.
Como a terapia celular está ajudando no tratamento dessa condição, e quais são as perspectivas para famílias que decidem participar desses estudos?

Tentativas de tratamento para o autismo

Há muitos anos, pessoas com autismo são tratadas por métodos pioneiros, sem qualquer tipo de comprovação médica. Foi o caso da família Laidler: quando receberam o diagnóstico de seu primogênito, Benjamin, eles começaram imediatamente a buscar ajuda. Mas os neurologistas descartavam as possibilidades, afirmando que não sabiam as causas ou as consequências do autismo de seu filho.
Suas buscas foram parar na internet, onde descobriram médicos que prometiam amenizar e até mesmo curar alguns dos sintomas de Benjamin, como a incapacidade de falar, interagir socialmente e controlar seus movimentos. Eles testaram essa terapia, composta de suplementos nutricionais e hormonais, sem qualquer certeza de que podia dar certo. E, de fato, poucos meses depois, percebeu-se que não havia resultados.
No entanto, o uso de células-tronco encontradas na medula óssea e no cordão umbilical, traz  esperança para esses casos. Em 2015, dois pacientes autistas que fizeram o transplante de medula óssea para tratamento de leucemia tiveram  sintomas do autismo amenizados após o transplante.
Lucas Alexandre Freitas Pinheiro, hoje com 7 anos, e Sofia Toniato Venturini, que tem 11, foram os pacientes do estudo. Antes do transplante, Sofia somava 39 pontos na escala do autismo, o que indicava sintomas severos. Após o transplante, esse número caiu para 30, indicando sintomas moderados. No caso de Lucas, ele passou de 30 pontos para 24, permanecendo com  sintomas mínimos.
Ainda que os médicos reconheçam que é necessário desenvolver mais estudos e obter mais respostas  sobre o assunto, esses casos seguem uma linha de pesquisa que aponta que o autismo pode ter um caráter autoimune e, portanto, pode ser tratado por meio de terapia  celular.

Pesquisas com células do cordão umbilical para o tratamento do autismo

Em 2013, um estudo publicado no periódico Journal of Translational Medicine avaliou o potencial terapêutico das células do cordão umbilical  em 36 crianças com autismo. Quatorze delas receberam células de sangue de cordão e reabilitação; 9 receberam células de sangue de cordão, células mesenquimais do tecido do cordão e reabilitação; e 14 receberam apenas reabilitação. Em comparação ao último grupo, as outras crianças demonstraram melhorias de níveis variados, e a terapia combinada (células do sangue e do tecido do cordão) foi ainda mais eficaz do que a terapia feita apenas com sangue de cordão.
Outras pesquisas vêm sendo conduzidas para avaliar a segurança e os efeitos das células do sangue e do tecido do cordão umbilical em crianças autistas. Na Universidade Duke, nos Estados Unidos, a Dra. Joanne Kurtzberg conduz estudos (é possível lê-los aqui, aqui e aqui) para avaliar a segurança e a eficácia do tratamento com sangue de cordão ou com células mesenquimais do tecido de cordão  em crianças com TEA.
No Sutter Institute for Medical Research, também nos Estados Unidos, o Dr. Michael Chez analisa crianças diagnosticadas com autismo que receberam uma infusão com o próprio sangue de cordão. Enquanto isso, no Panamá, os doutores Nelson Novarro e Jorge Paz-Rodriguez conduzem um estudo com crianças e adolescentes autistas, para avaliar a segurança e eficácia de infusões intravenosas de células mesenquimais de tecido de cordão.
Ainda que as pesquisas precisem passar por mais etapas para ter certeza de que os resultados são positivos (pois já provaram ser seguras para os pacientes), já podemos perceber que a terapia  celular pode ser a  esperança para famílias que enfrentam essa situação. As células do cordão umbilical vêm auxiliando em tratamentos para doenças neurológicas, e o autismo pode ser o próximo.
Para saber mais sobre o potencial de uso do sangue de cordão umbilical, continue sua leitura neste artigo!