Células-tronco atuam na recuperação dos movimentos da atleta Laís Souza

Lesão considerada incurável poderá ser revertida com um tratamento experimental que utiliza células-tronco da própria ex-ginasta 

Em abril deste ano, durante os treinos com esqui em Salt Lake City (EUA), a ex-ginasta Lais Souza teve uma queda e se chocou contra uma árvore, acidente que ocasionou uma lesão grave na coluna da atleta brasileira, afetando a medula espinhal. A consequência mais grave da lesão foi a perda de movimentos de braços e pernas.
Laís Souza sofreu uma lesão na terceira vértebra (C3) da coluna cervical. Além da fratura de uma das vértebras, houve deslocamento e compressão das demais localizadas abaixo, agravando a situação da ex-ginasta. Com risco inicial de vida, a lesão causou ainda outros três problemas: o comprometimento da função motora, que impossibilita a movimentação do pescoço para baixo, a perda de sensibilidade da região abaixo do pescoço e das funções autonômicas, que envolvem o funcionamento intestinal e urinário.
Considerada irreversível pelos especialistas, já que o tecido neurológico tem capacidade mínima de autorregeneração, as perspectivas não eram boas, porém, a atleta passa por um lento processo de recuperação dos movimentos com a ajuda de um tratamento experimental e inédito com células-tronco, ao qual está sendo submetida e acompanhada por uma equipe de médicos e pesquisadores do Miami Project to Cure Paralysis, nos Estados Unidos.
No tratamento de Laís, células-tronco retiradas da bacia e da pélvis da atleta foram multiplicadas, cultivadas e injetadas no local da lesão. A resposta ainda é lenta, no entanto, mostra-se eficiente até o momento, já que Laís relata sentir sensações no corpo todo, como pés, mãos e tórax. O próximo passo será a aplicação de células nervosas retiradas da perna, conhecidas como células Schwan. Esse tratamento é feito apenas em fases agudas (logo após o acidente), em lesões torácicas.
Segundo a Doutora em Ciências pela USP e diretora científica do Hemocord, Karolyn Sassi Ogliari, existem diversos estudos em andamento com foco na terapia celular para tratar doenças neurológicas e lesões cerebrais, baseados nas células-tronco do cordão umbilical, uma das fontes de obtenção. “O sangue do cordão umbilical é rico em células-tronco jovens que têm alto potencial regenerativo”, destaca a pesquisadora.
Existe uma grande expectativa em torno do tratamento de Laís Souza e, caso o resultado seja atingido, poderá ser modelo para milhares de pessoas que buscam a cura de lesões graves que levam à paralisia.
 
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Fotos: Divulgação