Atualizando Profissionais Responsáveis pelo Cuidado Pré-Natal sobre o Sangue de Cordão: Preenchendo a Lacuna

Abril de 2017
Lisa Ouaknine, Enfermeira 
“Sangue de cordão: já foi usado?”
“Sangue de cordão: útil apenas para crianças menores de 8 anos de idade?”
“Sangue de cordão: nunca poderá ser usado por um adulto?”
“Sangue de cordão: usado somente para leucemia.”
Essas citações são apenas uma amostra da confusão geral que existe entre os profissionais de saúde que prestam cuidados “pré-natais” (cuidados relacionados à gravidez e que ocorrem antes do nascimento) para as mães grávidas.
Minha jornada para educar os profissionais de saúde sobre as opções do sangue de cordão umbilical e do tecido de cordão umbilical para seus pacientes tem sido cheia de propósito. Parece que as novidades sobre os sucessos no campo da pesquisa sobre sangue de cordão e tecido de cordão ficaram perdidas em algum lugar entre os médicos transplantadores que fornecem a terapia e os profissionais que coletam o sangue de cordão. Em meus 10 anos neste emprego, acredito que preencher essa lacuna é a chave para obter coletas de boa qualidade e salvar mais vidas com sangue de cordão, hoje e no futuro.
Os médicos transplantadores procuram coletas de sangue de cordão livres de contaminação e com elevada contagem de células, e a lista de “Doenças Tratadascontinua a crescer. Entretanto, parece que os coletadores e profissionais responsáveis pelos cuidados pré-natais não foram capazes de acompanhar isso. Atualmente, o sangue de cordão é rotineiramente usado para doenças hematológicas, e o campo da medicina regenerativa continua a crescer através de uma infinidade de disciplinas médicas, da neurologia para a medicina cardíaca, e mais… Mas temos falhado em efetivamente disseminar isso de forma significante a uma parte crítica da comunidade: as pessoas que coletam sangue de cordão e tecido de cordão.
Obstetras, parteiras e médicos da família podem promover ou não a utilização de uma coleta de sangue de cordão, pois a qualidade é ditada pela limpeza (esterilidade) do cordão e pelo volume (número de células) do sangue de cordão coletado. No entanto, essas células não afetam diretamente a prática da medicina que eles estão familiarizados, e eles têm muito pouca educação formal sobre o tema. Até o momento, a maior parte das informações que eles recebem sobre sangue de cordão e tecido de cordão provém de educadores de bancos de sangue de cordão como eu, fazendo o seu melhor para alcançar o maior número possível de profissionais.
Os profissionais de saúde começam a aprender na escola e continuam sua educação em conferências pertinentes à sua prática ou especialidade. Há muito pouca formação educacional sobre sangue de cordão ou tecido de cordão oferecida em ambientes educacionais obstétricos ou perinatais, seja em currículos escolares ou da residência, ou em simpósios de educação continuada. Em pesquisas, casais “grávidos” expressaram que consideram seu profissional de saúde como a fonte mais confiável de informação e conhecimento. Obstetras expressaram o sentimento de que necessitam de mais instrução sobre o tópico sangue e tecido de cordão. Na ausência de treinamento regular sobre coleta de sangue de cordão, como é que se espera que os profissionais responsáveis pelos cuidados pré-natais ofereçam uma educação não tendenciosa sobre o tema sangue de cordão, ou realizem coletas de boa qualidade? Quando se trata do rápido avanço da ciência relacionada ao sangue de cordão e ao tecido de cordão, uma especialidade médica está à mercê da outra, assim eles devem trabalhar juntos para resolver os problemas existentes em relação às necessidades educacionais.
A ACOG (Congresso Americano de Ginecologia e Obstetrícia), a SOGC (Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Canadá), a Cord Blood Association (Associação de Sangue de Cordão) e outros órgãos profissionais que têm um papel na formação contínua de obstetras, parteiras e médicos da família, devem trabalhar para preencher a lacuna entre médicos transplantadores e os profissionais responsáveis pelos cuidados pré-natais. A agência de acreditação FACT exige que os coletadores de sangue de cordão sejam treinados regularmente em procedimentos de coleta. A definição de diretrizes para a prática não é suficiente. Fornecer ferramentas que habilitem as diretrizes pode criar mudanças. Já que não podemos esperar que os profissionais perinatais participem de programas educacionais de extensão destinados a médicos transplantadores, talvez os médicos transplantadores devam explorar a oportunidade de compartilhar seus avanços e necessidades dentro do cenário perinatal? Programas de desenvolvimento profissional para parteiras e estudantes de medicina sobre coleta de sangue e tecido de cordão, armazenamento e terapias precisam ser criados, garantindo a consistência do currículo em todas as disciplinas de saúde dos profissionais responsáveis pelos cuidados de saúde pré-natais.
Notícias de última hora: Quando este artigo estava prestes a ser divulgado, o site clínico do Be The Match lançou um curso CNE: “Doação Pública e Armazenamento Familiar: Aconselhamento através das Escolhas sobre o Sangue de Cordão” 
Um objetivo comum dentro da comunidade de sangue de cordão em todo o mundo é aumentar o número de coletas de sangue de cordão de boa qualidade disponíveis para transplante. Sabemos que a educação gera interesse no armazenamento e que a qualidade começa na coleta. Fechar a lacuna entre o médico transplantador, o coletador de sangue e tecido de cordão, e os profissionais responsáveis pelos cuidados pré-natais é vital para o avanço contínuo no campo do armazenamento de sangue e tecido de cordão e transplante. Criar uma ponte entre essas especialidades pode remediar as deficiências que entram no caminho de nosso objetivo comum, para tratar os nossos pacientes dentro da nossa melhor capacidade.
Há mais de 18 anos atuando como enfermeira, Lisa trabalhou em muitas especialidades por todas as partes do campo materno/infantil. Depois de passar um tempo trabalhando com crianças que estavam com doenças terminais em um dos campos da “turma de Paul Newman”, ela decidiu deixar de lado seus estudos em Ciências Políticas e História para atuar na Enfermagem. Trabalhou meio expediente no Hospital Infantil de Montreal ao longo de seus estudos e apaixonou-se pela pediatria. Uma vez formada, iniciou sua carreira na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Infantil de Montreal, e passou a trabalhar na unidade de trabalho de parto com mães pós-parto e seus recém-nascidos no Hospital St. Mary’s, em Montreal. Sempre pronta para um desafio e atraída pela oportunidade de aprender, Lisa aceitou um emprego que lhe foi oferecido e passou muitos anos como enfermeira de fertilidade na Clínica Ovo, em Montreal. Ao longo do tempo em várias partes da especialidade materno-infantil, Lisa desenvolveu uma paixão por ensinar como enfermeira. Quer seja ensinando um grupo de pais sobre os seus filhos na UTIP, uma nova mãe a aprender a amamentar, ou um casal em processo de fertilização a aprender como se auto-injetar, ela encontra poder no conhecimento e gosta de compartilhá-lo. Intrigada por inovações em biotecnologia, ela começou a trabalhar em um banco de sangue de cordão, para que pudesse ser uma pequena parte deste campo em avanço. Ensinar pais “grávidos” sobre as opções do sangue e tecido de cordão, assim como estimular médicos a aconselhar seus pacientes sobre o assunto é um trabalho de amor. Lisa trabalhou em tempo integral com a Cells for Life há 10 anos. Lisa é professora e ministra aulas sobre parto regularmente, e é instrutora de CPR certificada. Lisa também é estudante em meio período dentro da especialidade de enfermagem pediátrica para se tornar bacharel em ciências na graduação em enfermagem, e ela tem dois meninos incríveis de 7 e 10 anos de idade. Sua paixão pela inovação médica, e sua crença imparável de que ela pode aprender qualquer coisa que ela coloca em sua mente, são o que sempre vão guiá-la para alcançar seus objetivos.
Link para acesso ao artigo original: https://parentsguidecordblood.org/en/news/educating-antenatal-care-givers-about-cord-blood-bridging-gap
Referências:
1 Lisa Peberdy, Jeanine Young, Lauren Kearney. Health care professionals’ knowledge, attitudes and practices relating to umbilical cord blood banking and donation: an integrative review. BMC Pregnancy Childbirth. 2016; 16:81.
2 David McKenna, Javesh Sheth. Umbilical cord blood: Current status & promise for the future Indian J Med Res. 2011; 134(3):261–269
3 Universite de montreal programme de residence en obstetrique-gynecologie.
4 6th Edition FACT-NetCord International Standards for Cord Blood Collection, Banking, and Release for Administration: 5.2.010, 6th Edition Cord Blood Standards Rev. 0 , 01Jul2016